segunda-feira, 21 de junho de 2010

Medo


Agora ele está sentado ao pé da cama.
Isso não é um bom sinal, que eu saiba...
Minhas mãos começaram a perder os sentidos, e me senti fraca, depois de anos sem sentir isso, essa fraqueza não corporal, mas algo dentro de mim, a ferida de anos atrás, pulsando, como quem quer se abrir.
O gelo veio do meu dedo do pé as minhas pálpebras, que por costume, se fecharam me fazendo fazer uma careta, a da dor.
O gelo rapidamente se fundiu, virando água, lágrimas, seja o que for, escorreu pelo canto dos meus olhos.
Rapidamente me preparei pro pior, ver você de costas calado me apavora.
Respirei, tirei as lágrimas de onde estavam... mesmo assim ele perceberia meu pavor estampado e meu nariz vermelho de choro.
"Dane-se"... pensei comigo mesma.
O abracei pelas costas como quem abraça dando um adeus.
Respirei e esperei. Ele me puxou até que seus olhos me vissem.
E, por mais estranho que seja, parecia um espelho. Eu me vendo com cara de medo.
"O que você tem? está tão calada..."
Algo em mim gritou de alegria, não sei onde, mas ouvi os gritos.
Talvez ele achasse que eu estava pensando em algo ruim para nós, por isso o silencio dele.
Não tive resposta, meu beijo falaria melhor do que minhas palavras em uma voz tremula e com falha.
E, daqui, queridos, só posso dizer que eu tive todas as certezas que eu tinha medo de não ter.
Eu me vejo todo dia nele, me realizo nas realizações dele.
Como o espelho que lhes falei... eu sou ele.


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