sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Madrugada fria


Eu sei que ainda te vejo aqui, no meu quarto. Sei também que ainda guardo um pouco de você em mim. E, até assumo, que as vezes me pego imaginando como deve ser a arrumação nova da sua casa, será que está tudo como antes? Será que o sentimento ainda é como antes? Hoje me assustei, pensei que você tivesse vindo com cara de arrependido em minha casa, cheguei até a procurar o velho perfume que você tanto gostava, usei a ultima borrifada que eu havia guardado para esse dia. Antes de abrir a porta, jurei ser durona e tirar aquela cara de ansiedade, mesmo sabendo que aquele juramento seria quebrado. Sorri quando pensei no quão era irônico isso, jurar algo que eu sabia que era impossível. Fechei os olhos, respirei fundo, senti o cheiro dele, do meu perfume que apelidei com nome dele; abri a porta esperando ver o que eu idealizei por tanto tempo. Ele não estava ali, eu apenas tinha confundido a voz de um velho amigo com a dele, o qual não fui nem um pouco cordial. Dei um meio abraço nele, sorri e concordei algumas vezes com o que ele dizia, sem ao menos saber do que se tratava, e me retirei. Imediatamente tirei a blusa, com o cheiro dele, taquei o mais longe que pude, havia tanto tempo de trabalho árduo para conseguir tirar aquele cheiro de mim, tanto tempo de trabalho em vão. Foi pior do que eu sonhava todas as noites, nos meus pesadelos ele vinha, me beijava e ia de novo, pra sempre. Pelo menos nos pesadelos ele vinha, mostrava que ainda tinha o ultimo borrifo de mim nele, do cheiro que eu amava. Pior que um pesadelo é a realidade, hoje lidei mais uma vez com ela. Hoje voltei a estaca zero. Confesso que não quero dormir, os pesadelos andam me assombrando mais nesses últimos dias. Mas, pelo menos neles eu te vejo. Volto a sentir a mesma dor todas as madrugadas quando acordo do pesadelo, volto a chorar a mesma lágrima de um tempo atrás. Eu odeio as madrugadas do meu quarto, os moveis, a roupa de cama, a horrível cortina e a horrível sensação de te ver aqui. Eu odeio amar e querer tanto você. Eu odeio saber que me rendi fácil a você hoje, sem você ao menos ter me procurado de verdade. Eu odeio admitir que sem você eu me sinto assim, sozinha que nem essa madrugada, procurando um motivo pra desgostar do seu sorriso ...

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